Acerca da existência deste Blog...

A existência deste Blog é devido aos muitos pedidos de colegas e professores para a difusão dos temas abordados em sala de aula, com ênfase em filosofia, sociologia, psicanálise e outros tantos temas que desencadeiam uma masturbação cerebral, e que com sorte proporcionará um orgasmo múltiplo nas cabeças pensantes dos alunos mais concêntrados.
Sem mais....
Anderson Porto

4.11.11

Aos que se vangloriam com seu Ensino Superior.



Acerca da guerra que esta ocorrendo nas universidades...

Será que podemos chamar de superior mesmo? Sempre vi a Universidade como um lugar que agrega uma pluralidade de conhecimentos, de idéias, um lugar onde Exatas,  Humanas e Biológicas têm a oportunidade de serem confrontadas com seu oposto e assim desenvolver a intelectualidade de uma pequena casta de jovens mais favorecidos financeiramente. Isto geraria, consequentemente o desenvolvimento das produções científicas, sejam elas teóricas ou práticas que visam a melhoria da qualidade de vida das pessoas que exercem outras atividades, nos mais diversos setores da sociedade.
Porém, se você também tem esta visão, estaremos transferindo nosso empreendimento para o mundo do fantástico.

O descaso com o ensino público é alarmante, seja pela falta de estrutura, seja pela mentalidade dos alunos. Estes, que em sua maioria seguem uma vertente de pensamento que gosto de chamar de Anti-Intelectualismo, no qual todo  tipo de curiosidade ou interesse por qualquer aspecto de uma possível erudição, é visto como depreciativo (sou só eu, ou mais alguém vê a contradição aqui?)

O ensino no Estado,por exemplo.
Estudo na Escola Estadual Samuel Wainer,ontem eu fiz uma prova de fechamento de bimestre, só que  nos ultimos 2 bimestres eu não tive professor de Matemática, Artes, e em outras disciplinas.
Tudo bem, a direção da escola arrumou um professor de ultima hora, mas a defasagem que tive com quase 4 meses sem aulas me prejudicou bastante.
E os "alunos", é claro, ficaram todos felizes durante esse período, pois tinhamos de 3 a 4 aulas vagas por dia!!!!
E os professores que ainda restavam, falharam com a sua missão.
Foram poucos os que honraram sua profissão, alguns professores entram na sala de aula mais para inflar o seu ego do que para transmitir conhecimento.

Bem, sobre o ensino superior privado acho que não preciso falar nada né?
É só ligar a maldita TV e assistir a verdadeira guerra que esta acontecendo nas universidades.
A intolerância, a infantilidade acadêmica, a castração da liberdade de pensamento ou de expressão são somente alguns exemplos . Isso porque eu não quero aprofundar a idéia da lógica de mercado entremeando essas pequenas fábricas de diplomas.

Este é o nosso "Admirável Mundo Novo!" onde no Ensino Superior, as pessoas simplesmente esqueceram coisas como respeito, tolerância, ética,pois hoje o que nós vemos é muito diferente.
Um mundo no qual a alienação, o distanciamento do acervo de conhecimentos históricamente estabelecidos nos conduz a cometer os mesmos erros de novo, e de novo, e denovo.

31.10.11

Amor, sexo, casamento, Freud e evolução da espécie humana.

Deixando a morte um pouco de lado agora, irei falar (escrever ou digitar, como o leitor deste placebo preferir) do amor, do sexo e do casamento.

Um dos últimos temas abordados nas aulas de Filosofia, meu professor trouxe um texto de Sigmund Freud sobre a pulsão sexual. Tendo este texto como ponto de partida para os assuntos: amor e casamento.
E com a ajuda de Freud, e vários estudiosos do teorema de evolução e seus estudos sobre as espécies, é que consegui chegar a conclusão de que o amor, o sexo e o casamento são coisas opostas umas as outras (sim, é óbvio para alguns...Mas vejamos o porque.)

Primeiramente falarei do sexo...




Sexo, ah, o sexo...Um dos prazeres momentâneos mais desejados pelo ser humano (prova disto é a circulação de dinheiro movido pela indústria pornográfica, que só perde para o tráfico de drogas),  inclusive o ser humano é um dos únicos animais que o faz para obter prazer, não necessariamente com o objetivo de procriar.
Esta é a primeira e a principal diferença entre o sexo e o amor, o amor é um “sentimento” duradouro, onde o casal vive em um incessante aprendizado de como viver com seu parceiro.
O sexo gera um prazer momentâneo, um orgasmo dura poucos segundos, é um prazer que pode ser obtido até sozinho em sua casa, e que  não requer amor nenhum para isso.

O desejo sexual é instintivo, animal, o amor é algo mais sociológico, imposto pela sociedade e as leis de monogamia e etc.

O sexo é algo instintivo para garantir a sobrevivência da espécie, mas e o amor?
Qual sereia a real finalidade desse  “sentimento”?
E foi assistindo um documentário sobre a vida animal que eu cheguei à conclusão que o ser humano é totalmente dependente de seus entes próximos, sua família.
Sim, sim...É óbvio...Mas raramente pensamos no porque disto, muito menos relacionando o fato do amor com a família.
Um exemplo na vida animal:

A tartaruga marinha vai à praia e bota seus ovos e depois disso ela os abandona à própria sorte, os filhotes de tartaruga nascem, vão para o mar e 3 a cada 10 sobrevivem.

O mesmo acontece com os crocodilos, onde a mãe abandona seu filhote muito antes dele completar sua vida adulta.

Os cavalos nascem, tombam um pouco mas logo ficam em pé. A maioria dos mamíferos já nasce andando!

Foi assistindo a esse documentário, lendo alguns textos de Freud, e pesquisando sobre a evolução das espécies que eu descobri a importância do amor.

No tempo dos homens das cavernas, o macho saía para caçar, enquanto a mulher permanecia na caverna sozinha tomando conta dos filhos. Se o homem fosse como os outros animais, se ele abandonasse suas crias à própria sorte, a espécie acabaria.Por isso o amor existe, ele foi um mecanismo criado pela natureza (ou por Deus,se o leitor preferir)para que as espécies, (não só a humana)conseguir sobreviver.

O sexo serve para a reprodução da espécie, e o amor garante sua sobrevivência.

Bem, vejamos agora o casamento, segundo o dicionário Aurélio casamento, do latim casamentum, que deriva de “casa”  “terreno com uma habitação instalada”, que é o primeiro passo para se poder ter uma relação boa no casal, evitando confusão com as famílias. Um exemplo:

 Um rei queria unificar os reinos – ou “casas” – com outro rei, daí ele dava a mão de sua filha para o filho de outro rei, e eles se uniam em matrimônio, “casando” os dois reinos. Só que quem disse que eles se amavam?Eles se casavam sem nem mesmo conhecer um ao outro, sem existir amor, mas para  unificar as famílias.

 Se você analisar bem o casamento, verá que ele é uma forma de unir “casas” ou “famílias” pelo simples fato de que a mulher geralmente “ganha” o sobrenome da família do marido, unindo-se assim a família dele. (sim, óbvio, mas você já parou para pensar desta forma?)

 

Outra prova é que o casamento pode ser comparado a um  negócio, ou uma transação:Você chama testemunhas e assina um contrato, onde aceita a união de suas famílias baseado em leis de divisão de bens e etc. A quebra desse contrato implica em penalidades que podem ir de uma simples proibição de se casar uma segunda vez, até a obrigatoriedade de pagar uma “multa” (pensão) pelo resto de sua vida.

 Agora caro leitor, consegue me responder: o que é o amor?Um prazer momentâneo? Um contrato legal assinado com a presença de testemunhas?

Não! As pessoas é que confundem as coisas.

Se fosse assim, se um contrato e um orgasmo fossem provas de amor, advogados e atrizes pornôs não seriam tão odiados pela sociedade como são hoje.

22.10.11

Especialidades.


Muito bem, muito bem. Eis a criatura que vive de ilusões. Apenas VIVE, de coisas simples. Grandes reflexões á parte. Meu querido Porto deu-me permissão de postar aqui, mas deixo a tarefa de grandes textos e abordagem de determinados temas na responsabilidade dele. Estou aqui somente para falar coisas bonitas, falar do meu amor; serão raras minhas postagens com algum interesse maior. Não preciso disso.
...
Imagine uma praia perfeita,
Sem uma sereia.
Imagine um esconderijo perfeito,
Sem um tempo.
Imagine um Éden perfeito
Sem um amigo, sem uma serpente.
"Sentir-se solitário e satisfeito ao mesmo tempo,
Eu acredito,
É um tipo raro de felicidade"
Eu deveria me vestir de branco e procurar o mar
Como eu sempre quis? - ser uma com as ondas.
De que adiantaria?
Uma alma solitária
Uma alma oceânica.
Eis o paradigma da criatura do amor: viver consciente da melancolia de um mundo de lascívias, mas ignorar o infinito de informações lamuriosas e viver de ilusões. Estar consciente da própria inconsciência. Escolhas. A droga perfeita. O conhecimento liberta, mas sem a inocência, não há sentido. Não há sentido em estar em constante escravidão de páginas secas de conhecimento desesperado. A alma seca como páginas empoeiradas. Eu ignoro todo o desespero que ainda necessito, e me liberto com a inocência de escolhas sem sentido, com a languidez molhada do oceano em minha alma.
Eu só desejo me tornar algo bonito através do meu amor, da minha devoção silenciosa por um ser, cujo amor me liberta, e lava as páginas secas da minha alma. Apenas escolhas.
Meu querido Porto. O único motivo, a única razão. O meio-termo.

21.10.11

MORTE

Agora é minha vez de comentar sobre a morte, tema de discução da grande maioria dos filósofos.

Começarei com a introdução do livro: Dicionario ilustrado das Religiões

Nós, viventes, não sabemos o que nos espera depois da morte. Os crentes de todos os tempos refletiram muito sobre o que vai acontecer. Seremos julgados? Seremos recompensados pelas nossas boas ações? Receberemos castigo pela má conduta? Há outra vida após a morte? Vamos para a mansão dos mortos ou para o céu com Deus? Os mortos tornarão a viver em outro corpo?
Muitos se apóiam nos ensinamentos de sua religião.

Nas religiões gregas houve diversas opiniões a respeito do além-túmulo. O reino de Hades era um abismo sombrio debaixo do chão. A Ilha dos bem-aventurados, entretanto, era representada como um lugar onde sempre brilha o sol e reina a alegria. Também os celtas conheciam um lugar paradisíaco a que chamavam de Avalon. De primeiro os israelitas não acreditavam numa vida após a morte. Para eles a morte era o fim da vida. As almas vagavam num mundo subterrâneo, longe de Deus. Com o passar do tempo criaram novo conceito: as almas dos mortos vão para Deus e lá continuam vivendo. A esperança de uma ressurreição de todos (que começou com Jesus), é agora o ponto central da Fé cristã. Jesus de Nazaré, executado na cruz, foi ressuscitado por Deus e vive com ele. Este “estar com Deus” freqüentemente é chamado céu pelos cristãos. Quem não quiser ir para Deus após a morte, porque persiste na vida má, encaminha-se para o inferno. Inferno é a separação de Deus. Antigamente os cristãos imaginavam o inferno um lugar extremamente quente, fétido e doloroso.
- Também os muçulmanos acreditam numa vida após a morte. Quem viveu conforme a vontade de Deus, vai para o paraíso, onde tudo é bom. As religiões monoteístas acreditam numa vida eterna face a face com Deus. - Os hindus e budistas acham que juntamos carma bom e mau durante a vida. Se ele tiver suficiente carma bom, poderá unir-se com o Brahman e diluir-se no nirvana. Mas enquanto existir, deverá passar por diversas vidas.-Dicionario ilustrado das Religiões


Enfim,desde os primórdios criamos hipóteses do que aconteceria depois da morte.
Mas para entendermos a morte,temos que primeiro pensar na vida.
Qual a função da vida !? (se é que existe uma função,ou significado)

Por essa pergunta, muito sobre a morte pode ser respondido ou ao menos intuido.
À nossa volta, a vida tem por postura primária impulsionar tudo dentro de uma rota evolutiva. As espécies evolucionam, os compostos evolucionam, os planetas e galáxias seguem o mesmo caminho, evolucionam. Ora, mas para onde e por quê?
Dentro deste contexto evolutivo, qual a função disso na nossa vida?
Seria eu um composto bioquímico errante que a vida apenas usa para evolucionar a ela mesma-visto que a vida evoluciona-, ou seria eu um ente que caminha em paralelo com essa evolução?
Digo, se há um ponto que a vida visa atingir e pela busca deste ela evoluciona por si e para si somente, então somos mesmo entes errantes, e toda a sorte de pensamentos, filosofias, ética, cultura e produção intelectual humana são meros devaneios que não encontram justificativa em si mesmos. São apenas reflexos de achismos que se alternam na linha do tempo segundo a cultura e civilização de determinada época.
Dentro dessa lógica, já que a vida evoluciona e criou neste evolucionismo o homem, parece, ou ao menos é tentador pensar, que há um propósito no "homem" que seja pouco mais que sermos reações químicas e físicas.

Quero que fique claro, e é necessário atenção com a linha de raciocínio, que se a vida nos "usa" apenas como consequência da evolução dela mesma, não somos diferentes de pedras e objetos que estamos aqui apenas para "decorar" o palco evolucionista que, neste caso,não nos pertence ou engloba...
Sim, tendo essa visão, somos mesmo errantes e errados em todas as afirmções que fazemos. Mas será que, a vida, que evoluciona estaria errada criando criaturas que parecem "dialogar" com ela,a vida?

Parece, já que somos fruto de um evoluir da vida, que há uma razão maior em nosso surgimento e evolução. Ora,se eu morrer agora, exatamente agora, e não houver vida pós morte? Eu terei evoluido eu por eu mesmo?
Mas se não há vida pós morte,eu não carregaria a evolução por mim mesmo, não me lembraria de ter evoluido e nem mesmo saberia que vivi. Na verdade, é como se eu não tivesse feito nada, pois quando morto, tudo seria apagado. E isso, filosoficamente falando, é como se eu não tivesse existido. Então, mais uma vez cairiamos na afirmativa de que somos apenas errantes e fruto do acaso e como acaso, tudo o que pensamos é mero caos compartilhado e acreditado, digo, convenções aceitas, como num hospício há as suas "loucas" convenções aceitas.

Parece estar implicito que há vida pós morte. O como ela é e para onde leva, qual o sistema e suas leis, isso é outra discussão que religião ou filosofia alguma no mundo ainda pode responder plenamente. Porém, é necessário saber,que apontam sim (religião e filosofias) pontos que merecem investigação. Quem é aqui a autoridade para dizer que não?

Resumindo esse placebo (?): Ou existe vida após a morte ou estou eu,agora, já, morto.
Ou seria isso tudo um sonho dentro de um sonho,dentro de um sonho?
Uma vez escutei que a vida e a morte são portais de realidades que nos direccionam para realidades diferentes em que nós viajamos e aprendemos. Logo, não estamos vivos, nem mortos, estamos viajando e chega a um ponto do caminho que precisamos passar por um processo (nascer ou morrer) no qual somos arremetidos para realidades diferentes que apesar de tudo na essência nos mostra como somos os mesmos e que a eternidade do espírito nos é dada e deve ser utilizada com maturidade. Com o tempo adotamos essa ideia e entendemos que nós somos tudo e tudo está em nós, tendo a sua particularidade.

Talves a resposta esteja enterrada em nossa consciência e o escasso intelecto humano não é ainda capaz de desenterra-la.
Porto


20.10.11

A Filosofia como preparação para a Morte PARTE 3

Sem Medo

Em Platão, a alma do filósofo é definida da seguinte forma: "[...] ela acalma as paixões. Liga-se aos passos do raciocínio e sempre está presente nele; toma o verdadeiro, o divino, o que escapa à opinião, por espetáculo e também por alimento, firmemente convencida de que assim deve viver enquanto durar sua vida, e que deverá, além disso, após o fim desta existência, ir-se para o que lhe é aparentado e semelhante, desembaraçando- se destarte da humana miséria!".

A alma nunca terá medo de separar- se do corpo e, segundo Montaigne, Cícero afirmava que filosofar é preparar- se para a morte, pois o estudo e a contemplação fazem a alma sair do corpo, logo ela se assemelha à morte. Tendo sabedoria aprendemos a não ter medo da morte. Para Montaigne, não devemos temê-la, pois feito isto, ela se torna um tormento e uma ameaça, porém, devemos sempre estar preparados para recebê-la, já que a morte nos ataca subitamente e nunca podemos prever a nossa hora.

Morte de Sócrates, por Jean François Pierre Condenado à morte pelos atenienses, Sócrates não se mostrou triste ao ver que tal momento se aproximava. Amante da sabedoria, via na morte a chance de se encontrar com sábios e com a verdade
Sendo a morte algo inevitável, é preciso meditar sobre ela, aprender a recebela  sem grandes constrangimentos, pois, encarando a morte, o homem acaba se acostumando a ela. Se aprender a habituar-se a ela, sempre pensar nela, tendo a morte presente a todo o momento nos pensamentos, o homem estará pronto para morrer, sendo este o esperado fim . "A meta de nossa existência é a morte; é este o nosso objetivo fatal. Se nos apavora, como poderemos dar um passo à frente sem tremer? O remédio do homem vulgar consiste em não pensar na morte".


Pós-morte

Em todos os momentos da vida, o homem não pode deixar de pensar na morte, mesmo em momentos de puro deleite, pois ela pode o atacar de diversos modos a qualquer instante. Entretanto, com a citação acima, quem não pára de pensar em seu fim, nunca aproveita o que a vida lhe proporciona. Neste sentido, Montaigne acrescenta que a própria natureza se encarrega de familiarizar o homem ao esperado fim, visto que na vida ele aprende a receber todos os tipos de males e superá-los. O homem caminha para a morte de forma tênue quase que preparado para ela e aquilo que só ocorre uma única vez não pode ser tão grave assim, pois a morte o livra daqueles males que recebe durante a vida e viver pouco ou muito não faz diferença, já que do mesmo modo deixará de existir

Com efeito, tanto em Montaigne quanto em Platão, a morte é inevitável e preferível, visto que ela livra o homem dos males da vida e, não obstante, das sombras do ideal. Logo, é inevitável não pensar na morte em detrimento da vida, mediante o fato de que ela conduz a um mundo de verdade e felicidade. Porém, não se pode tirar a própria vida, cometer violência para consigo próprio, pois o homem é propriedade dos deuses, somente eles possuem o poder de decidir sobre a vida dele, visto que ele vive em uma prisão e não pode se soltar por si só.

Deste contexto, diante do fim, como saber para onde irá o homem? Qual é o destino da alma? Neste ponto, a vida de cada um é responsável pelo próprio destino, ou seja, as ações terrenas são levadas em consideração como meio de entrada no mundo das almas (Hades). Por conseguinte, as melhores almas serão conduzidas ao melhor lugar destinado àquelas que cultivaram a justiça, a temperança, a coragem, isto é, ornamentaram-se com aquilo que é próprio delas.
Marten de Vos, Retrato de Antonius Anselmus, sua esposa e seus filhos. Para Montaigne, a vida é uma circularidade, um ciclo constante e repetitivo, como as idades: criança, jovem, adulto e velho. A morte é o fim de um ciclo e o início de outra vida

Segundo Goldschmidt, quando uma alma pratica o mal, ela o faz a si mesma, ou seja, tudo o que é feito durante a vida determinará se a alma merece ou não um lugar de plena felicidade (ao lado das formas), pois a alma que outrora foi corrompida pelo corpo vagará no mundo inferior até que se ligue a outro corpo merecedor do mesmo mal ao qual ela estava entregue.

Para Platão, a alma que viveu de forma sábia e pura, encontrará no mundo das al- mas os deuses que servem como companheiros e guias das mesmas, tendo como residência a morada adequada conforme sua vivência anterior, sendo que essas almas foram purificadas pela Filosofia e colocadas no reto caminho da verdade.

a alma é mantida prisioneira do corpo, sendo corrompida pelas inclinações corporais, não podendo libertar-se por si mesma

Existem dois caminhos que podem ser seguidos pelos homens para que suas almas ocupem os seus devidos lugares: cultivar os prazeres do corpo ou despojar-se deles. No primeiro caso, o homem que alimentou os prazeres corporais não conduzirá a sua alma ao lugar da eterna felicidade. Ao contrário, no segundo caso, o homem que se despojou dos prazeres do corpo saberá com certeza o caminho de sua alma. Sendo assim, os indivíduos devem dedicar-se ao exercício filosófico, pois somente este pode libertar a alma do corpo que ao longo da vida a depravou retirando-a do reto caminho que conduz à morada dos deuses.


A Duquesa Feia, de Quentin Massys. Platão usa a teoria dos contrários para demonstrar a imortalidade da alma. O feio seria a privação da característica do belo. Assim como a vida gera a morte sem deixar de existir
Diante destes fatos, a morte está presente em todos os passos do homem, em todos os lugares e ele só pode salvar a sua alma alimentando- a com aquilo que há de melhor em conformidade com as formas, e não deve minimizar a dor da perda utilizando-se de expressões que encobrem o verdadeiro sentido da palavra morte, como os romanos diziam no momento de sua chega- da: "parou de viver"; caso este que, em nossos dias, não é diferente, quando se utiliza a expressão: "partiu desta para melhor", buscando aliviar a dor de alguém que perdeu algum ente querido.

Não é de se duvidar que a morte cause fraqueza, mas mesmo assim o homem deve estar preparado para ela. Mas não deve deixar de fazer certas coisas em detrimento de outras devido ao peso da morte. Deve conviver com ela e aprender com ela, para que, diante dos momentos da vida, aproveite-os como se fossem os últimos, sem temer o que o espera. Como vimos em Platão, com a morte a alma contemplará novamente a verdade, o mundo perfeito (ideal) e, desta maneira, façamos como Sócrates, fiquemos felizes com o fim que nos espera.